segunda-feira, 13 de maio de 2013

É preciso abolir a discriminação racial nos bancos

Foto: Contraf-CUT
Em pleno século 21, os bancários ainda sofrem no cotidiano diversas formas de discriminação no Brasil. Entre elas se encontram aquelas institucionalizados nos bancos, que perpetuam modelos de desigualdades e exclusão. São as discriminações indiretas observadas na contratação de pessoas negras, com menor remuneração e ascensão profissional diferenciada se comparadas com os brancos.


"Os bancos, que se dizem modernos e comprometidos com a responsabilidade social, deveriam enfrentar essa realidade vergonhosa, adotando medidas específicas e eficazes de inclusão e integração racial e social", denuncia Andrea Vasconcellos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT. 

Para ela, as políticas de ações afirmativas são instrumentos essenciais para resolver problemas históricos de distorções salariais, desigualdades, exclusão e segregação no sistema financeiro.

13 de maio

A Contraf-CUT orienta a realização de atividades de luta contra o racismo, aproveitando a passagem do dia 13 de maio, data da abolição da escravatura, sob o mote "Vamos abolir a discriminação e promover a inclusão: Por mais contratações de negros e negras". 

As atividades dão continuidade ao processo de mobilização definido durante o 1º Fórum sobre Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado pela Contraf-CUT em novembro de 2011, em Salvador. As entidades presentes ao evento firmaram uma carta compromisso para reforçar o combate à discriminação racial. 

"É necessário que o movimento sindical continue engajado, principalmente fazendo atividades e reflexões em datas como esta, pois ainda falta muito para abolir de vez a exclusão em que vive essa parcela importante da população brasileira", afirma Deise Recoaro, secretária de Mulheres da Contraf-CUT.

Abolição da escravatura sem inclusão social dos negros

A data lembra a assinatura da Lei Áurea em 1888 (125 anos atrás), que aboliu formalmente a escravidão de negros e negras no Brasil. Porém, não eliminou os preconceitos e as discriminações entre homens e mulheres, entre brancos e não brancos. 

Discriminação nos bancos

A discriminação é bastante visível quando se observa a composição dos altos cargos nos bancos, como diretorias, conselhos de administração e superintendências, bem como nos demais níveis hierárquicos e de composição do quadro de funcionários, como operacional, técnico gerencial e administrativo. 

Um exemplo é o conselho do Banco do Brasil, que tem 35 homens e nenhuma mulher. Destes, 31 são brancos, um amarelo, um pardo e duas pessoas não informaram sua raça, conforme relatório de sustentabilidade do banco.

Há 2.623 pessoas negras no BB, apenas 2,3% dos funcionários. Quando somamos negros, pardos e índios, o número é de 22.862 trabalhadores, significando 20,08% do quadro, o que expressa uma baixa participação ao considerarmos o total de 113.810 trabalhadores da instituição. 

Se nos bancos públicos, onde a contratação acontece via concurso público, a presença de negros e de negras é tímida, nos bancos privados a realidade é bem pior. "É necessário revelar a cor da exclusão no sistema financeiro e dar um basta à desigualdade racial ainda presente nos bancos públicos e privados com a implantação de ações afirmativas de inclusão", ressalta Andrea. 

Outra face da moeda: preconceito e racismo

No Brasil, banqueiros são como castas "intocáveis" e "superiores". Eles são, na sua ampla maioria, homens e brancos e mantêm uma estrutura de poder social e racial utilizada para definir lugares de poder e privilégios. 

A realidade permite observar que não há igualdade de oportunidades, de tratamento e de direitos entre brancos e negros no sistema financeiro. 

"Os altos lucros comprovam que os bancos têm condições financeiras para implantar programas de inclusão e demonstrar na prática a responsabilidade social que tanto apregoam nos seus relatórios", enfatiza Andrea. "Mas o que os banqueiros fazem é manter as desigualdades, além de praticar a rotatividade e demitir milhares de trabalhadores, agindo na contramão do crescimento com desenvolvimento econômico e social do país", aponta.

Injustiças

O sistema financeiro fere o princípio da igualdade diariamente. Executivo de bancos recebem milhões de reais em bônus e participação nos lucros, enquanto um funcionário de atendimento ganha uma PLR em torno de R$ 6 mil. 

"Esse abismo que separa a remuneração do alto escalão e dos trabalhadores da rede de agências é apenas um exemplo da absurda concentração de renda, que é totalmente injusta, descabida e intolerável", protesta a diretora da Contraf-CUT.

2º Censo da Diversidade

Na última reunião da Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades com a Fenaban, ocorrida no dia 27 de março, em São Paulo, ficou definido o planejamento do 2º Censo da Diversidade, que deverá ser executado em 2014, conforme foi conquistado na Campanha Nacional dos Bancários de 2012. 

"Conseguimos garantir a participação do movimento sindical em todo o processo de construção do 2º Censo, desde a elaboração dos questionários, acompanhamento e divulgação dos resultados. Essa era uma reivindicação antiga para garantir transparência em todo processo", destaca Andrea.

Para ela, "o levantamento será um importante diagnóstico sobre a cara da desigualdade no sistema financeiro, estimulando novas ações de inclusão contra todas as formas de discriminação, racismo e preconceito que contrastam com a alta rentabilidade e os lucros abundantes do sistema financeiro no Brasil", conclui a dirigente da Contraf-CUT.


Fonte: Contraf-CUT

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