quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Banco do Brasil, cadê o respeito a acordo

Direção da instituição financeira não fez alterações no sistema para solucionar problemas de bancários/as Se de um lado os trabalhadores do Banco do Brasil já receberam acertos referentes ao reajuste de 7,5% nos salários e de 8,5% nos vales refeição e alimentação, de outro os funcionários ainda enfrentam problemas para utilizar demais direitos conquistados na Campanha 2012. Como a direção da empresa ainda não fez as alterações no sistema, os funcionários da CABB (Central de Atendimento) ainda não tiveram reduzido de 2 anos para 1 ano o prazo nas remoções automáticas. No setor também é grande a expectativa de equiparação salarial entre atendentes e aumento no valor da comissão para R$ 2.554. “O banco criará até dezembro novo cargo, e o reajuste será significativo. Estamos cobrando a aprovação de detalhes do cargo, publicação e implantação no sistema para que os empregados tenham assegurada a conquista”, diz o diretor executivo do Sindicato Ernesto Izumi. Também por conta da falta de alteração no sistema, a promoção dos funcionários do nível A1 para A2 após 90 dias de trabalho ainda não ocorreu. Outro problema que afeta os comissionados é que continuam impedidos de concorrer à remoção automática sem abrir mão da função. Além disso, há denúncias de que na CSO Compe ainda há gerentes realizando entrevistas para preencher vagas de escriturário, prática é proibida no acordo aditivo. Outra questão pendente devido ao sistema se refere ao caixa-executivo, agora com direito a promoções por mérito após completar 1.095 pontos. Pelo acordo aditivo, todo caixa efetivo ou substituto desde 2006 ou a partir de sua posse no banco tem assegurada contagem de 0,5 ponto por dia de exercício da função. Redação - 24/10/2012- Sind S. Paulo

STJ autoriza cobrança de tarifa de abertura de contas

Na contramão da ofensiva do governo para baixar preços de tarifas bancárias, Superior Tribunal de Justiça dá aval para que bancos cobrem taxa considerada abusiva pelo Procon São Paulo – Mesmo com as cobranças do governo para a redução de tarifas bancárias e diante da falta de uma nova regulamentação de pacotes e serviços – como a ocorrida em 2007 –, os bancos conquistaram no Superior Tribunal de Justiça uma taxa considerada abusiva pela Procon. Trata-se da Tarifa de Cadastro e Abertura de Crédito (TAC) cobrada do consumidor pelas instituições financeiras. Para as entidades de proteção ao consumidor, como o Procon, o cliente não recebe nada em troca do pagamento da taxa, umas vez que para cada serviço é cobrada uma tarifa.

Novo termo de rescisão de contrato de trabalho entra em vigor nesta quinta

Novo formulário visa imprimir mais clareza para o trabalhador, diz MTE A utilização obrigatória do novo Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT) começa nesta quinta-feira, dia 1º de novembro. O prazo limite para o uso do documento antigo, sem prejuízo para o trabalhador, se encerra nesta quarta-feira, dia 31, conforme determinação da Portaria nº 1.057, de julho de 2012. A partir desta data, a Caixa Econômica Federal exigirá a apresentação do modelo atualizado para o pagamento do seguro-desemprego e do FGTS. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a alteração no documento tem como objetivo imprimir mais clareza e segurança para o empregador e o trabalhador em relação aos valores rescisórios pagos e recebidos por ocasião do término do contrato de trabalho. As horas extras, por exemplo, são pagas atualmente com base em diferentes valores adicionais, conforme prevê a legislação trabalhista, dependendo do momento em que o trabalho foi realizado. No antigo TRCT, esses montantes eram somados e lançados, sem discriminação, pelo total das horas trabalhadas em um único campo. No novo formulário, as informações serão detalhadas. "No novo Termo, há campos para o empregador lançar cada valor discriminadamente. Isso vai dar mais segurança ao empregador, que se resguardará de eventuais questionamentos na Justiça do Trabalho, e ao trabalhador, porque saberá exatamente o que vai receber. A mudança também facilitará o trabalho de conferência feito pelo agente homologador do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho", observa o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Messias Melo. Homologação Impresso em duas vias, uma para o empregador e outra para o empregado, o novo TRCT vem acompanhado do Termo de Homologação (TH), para os contratos com mais de um ano de duração que necessitam de assistência do sindicato laboral ou do MTE, e o Termo de Quitação (TQ), para contratos com menos de um ano de duração e que não exigem a assistência sindical. Os Termos de Homologação e o Termo de Quitação são impressos em quatro vias, uma para o empregador e três para o empregado, sendo que duas delas são utilizadas pelo trabalhador para sacar o FGTS e solicitar o recebimento do seguro-desemprego. Fonte: Contraf-CUT com MTE

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

STJ começa a julgar recálculo de aposentadoria para quem continua na ativa

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não vai esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de recálculo de aposentadoria a partir de novas contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) - a chamada "reaposentadoria". É uma causa de R$ 49,1 bilhões, só com as ações judiciais já em curso, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2013, sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Na sessão de ontem, a maioria dos ministros da 1ª Seção decidiu julgar a questão, por meio de recurso repetitivo. Eles começaram a analisar o pedido de um segurado de Santa Catarina. A decisão sobre esse caso servirá de orientação para os demais tribunais do país. A palavra final, porém, será do Supremo, que deu repercussão geral ao tema. O julgamento já foi iniciado com o voto do relator, ministro Marco Aurélio, a favor dos segurados. Mas a definição foi adiada por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli. No STJ, o ministro Teori Zavascki - prestes a deixar a 1ª Seção para assumir a vaga deixada por Cezar Peluso no Supremo - foi contra o julgamento. Para ele, seria contraproducente analisar agora a questão. "O Supremo pode decidir de forma diferente. Não é melhor esperar? Eventualmente, teremos que julgar tudo de novo", disse Teori. Mas o relator do recurso repetitivo, Herman Benjamin, rebateu: "Mas não ficará parado nos nossos gabinetes." A maioria dos ministros acompanhou o relator e decidiu julgar a questão. Por enquanto, cinco dos dez ministros da seção seguiram o voto do relator para aceitar a tese dos segurados. Para os ministros, o aposentado que retornou ao mercado de trabalho pode renunciar ao benefício pago pelo INSS e pedir um novo cálculo para obter um valor maior de aposentadoria. O entendimento é de que o benefício previdenciário é patrimônio do segurado, o que lhe dá direito à renúncia da aposentadoria. Com isso, os ministros negaram o recurso do INSS, que pedia ainda a devolução dos valores pagos ao beneficiário durante a vigência do benefício rescindido. O ministro Teori, porém, pediu vista do processo. Para ele, "não há como permitir o direito "sem que seja declarada a inconstitucionalidade do parágrafo 2º do artigo 18 da lei que dispõe sobre os benefícios da Previdência Social (Lei nº 8.213, de 1991). O dispositivo determina que o aposentado pelo INSS que permanecer em atividade "não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado". No Supremo, ressaltou Teori, também há um recurso extraordinário que discute a constitucionalidade do dispositivo. Apesar da tese de recálculo das aposentadorias já ter maioria no STJ, não há previsão para que o ministro Teori retome o julgamento. Além disso, ele deve deixar a Corte em breve, o que atrasaria a definição sobre o tema. Fonte: Valor Econômico - Bárbara Pombo

Contraf-CUT quer que BB reveja posição e convoque concursados aprovados

A Contraf-CUT enviou ofício à direção do Banco do Brasil nesta quinta-feira 11 para criticar a suspensão das convocações de concursados, inclusive dos que já se encontravam em processo final de qualificação e com posse agendada, e solicitar que o BB "reveja imediatamente a sua posição e retome o processo de contratações, a fim de melhorar as condições de trabalho para o atendimento da forte demanda gerada pelo programa Bompratodos". A decisão de suspender as convocações de concursados foi anunciada pelo banco no dia 4 de outubro, mesmo dia da assinatura do acordo coletivo específico entre o BB e a Contraf-CUT, as federações e os sindicatos de bancários. A Contraf-CUT argumenta na carta, endereçada ao Vice-presidente de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável, Robson Rocha, que a suspensão das convocações dos concursados é totalmente descabida nesse momento em que o banco anuncia a expansão do crédito, a captação de três milhões de novos clientes, ampliou o atendimento nas agências com o programa Bompratodos e reduziu o número de caixas nas agências desde a implantação das Plataformas de Suporte Operacional (PSO). A Confederação reafirma, além disso, que a contratação de mais funcionários e o aumento das dotações das agências é uma das reivindicações dos bancários. "A suspensão das contratações anunciada pelo banco somente comprometerá ainda mais as já precárias condições de trabalho que se verifica na rede de agências. Por isso, tal decisão precisa ser revista com urgência", reivindica a Contraf-CUT no ofício. A suspensão da posse dos concursados, adverte ainda a Contraf-CUT, "afeta a imagem do Banco do Brasil, na medida em que os aprovados nas várias regiões do país esperam com ansiedade a convocação, sendo muitos que já se desligaram das empresas onde trabalhavam, já mudaram de cidade para tomar posse e fizeram outros procedimentos para ingressarem na empresa". Leia aqui a íntegra da carta da Contraf-CUT à direção do BB. Fonte: Contraf-CUT

15 de outubro - Dia do Professor: parabéns pela luta da categoria!

"A EDUCAÇÃO MOVE O MUNDO" E O RESPEITO AO EDUCADOR É A MELHOR FORMA DE RETRIBUIR CADA LIÇÃO. Homenagem aos trabalhadores em educação "A luta dos professores em defesa dos seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte." (Paulo Freire) A frase do pedagogo pernambucano, patrono da 8ª Conferência Nacional de Educação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), realizada em setembro em Recife, reforça a necessidade da luta incansável da categoria pela valorização permanente de todos os trabalhadores e trabalhadoras em educação. Em 2012, a CNTE tem dado continuidade ao trabalhado firme pela garantia de direitos dos/as educadores/as e pela qualidade da educação pública. A aprovação do PNE na Câmara dos Deputados, a VI Marcha Nacional, que levou mais de 10 mil trabalhadores/as para a Esplanada dos Ministérios em Brasília, a Conferência de Educação na terra de Paulo Freire, e as mobilizações regionais contra a Adin dos governadores expressam as agendas de lutas de nossa Entidade pelo reconhecimento da educação como prioridade máxima do país. Neste momento, a CNTE e seus sindicatos filiados esperam a aprovação do PNE, no Senado, com a destinação de 10% do PIB para a Educação Pública, patamar este a ser alcançado com a alocação de 100% dos royalties do pré-sal para a educação, conforme tem defendido a presidenta Dilma Rousseff e o ministro da educação, Aloizio Mercadante. A CNTE também luta por uma educação democrática, e o Dia do Professor é mais uma oportunidade para lembrarmos à sociedade a importância da valorização da escola pública como instrumento de elevação das condições sociais do povo brasileiro. Para tanto, o Estado deve assegurar as condições de trabalho aos educadores - professores e funcionários - e de aprendizagem aos estudantes. Neste dia 15, que todos os/as professores(as) e demais trabalhadores/as em educação tenham orgulho do seu trabalho e continuem lutando para transformar a educação do Brasil. Fonte: CNTE

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Parcelamento sem juros vira jogo de empurra entre bancos e lojistas

Sob pressão do governo para baixar as taxas do rotativo dos cartões de crédito, os dois maiores bancos privados do país começam as discussões com posições distintas sobre o que fazer com essa modalidade de financiamento bastante usada por lojistas para alavancar as vendas. Enquanto o Bradesco diz ser contrário a qualquer tipo de ônus adicional aos lojistas que parcelam suas vendas no cartão, o Itaú Unibanco é favorável e admite cobrar dos comerciantes uma taxa para este tipo de operação. Apesar das divergências, a Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP) informa que os lojistas de pequeno e médio porte já pagam entre 3% e 6% do valor das vendas que parcelam sem juros pelo cartão de crédito. A ideia de alguns bancos privados de cobrar taxas extras de lojistas, ou reduzir o número de parcelas para financiamento no cartão de crédito foi mal recebida pelo governo, que vem trabalhando nos últimos meses para cortar os custos financeiros das empresas. Banco quer dividir ônus com lojista Representantes do governo, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, além das operadoras de cartões, a Cielo e a Redecard, que são controladas por bancos, têm participado das discussões para reduzir o que é cobrado pelos cartões. Todos, a princípio, com exceção do Itaú Unibanco, se dizem contrários a uma sobretaxa aos lojistas. Em favor dessa cobrança, o maior banco privado do país argumenta que, embora seja uma opção do lojista fazer o parcelamento sem juros, o risco da operação fica exclusivamente com o banco. Até aqui, esse risco vinha sendo coberto pelas altíssimas taxas cobradas no crédito rotativo. Com a queda dos juros, o Itaú Unibanco pondera que seria natural dividir o risco das operações com os lojistas. O diretor do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou em conferência com jornalistas nesta semana que não há necessidade de "nenhuma contrapartida para reduzir o juro do rotativo, porque o banco ganhará mais com o aumento do volume de transações". Procurada, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs) informou por meio de sua assessoria que, por enquanto, a entidade não tem um posicionamento oficial sobre a questão. Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio-SP, se disse surpreso com essa discussão, uma vez que os lojistas já pagam (de 3% a 6%) para vender parcelado no cartão. Pior, lembra ele, esse custo adicional vai para o bolso do consumidor, uma vez que o lojista o embute como custo nos preços dos produtos. - A mudança (uma taxa adicional) não interessa ao comerciante, nem ao consumidor. Só aos bancos e operadores de cartão, e se for adotada seria mais uma decisão unilateral - disse Carvalho. O economista da Fecomércio-SP lembra ainda que os cartões, por não estarem sujeitos à fiscalização do Banco Central, são pouco transparentes nas taxas que praticam. E, como as taxas são decididas em cada negociação, as pequenas lojas, sem grande poder de barganha, pagam mais caro. Parcelamento seria direito Embora o tema ainda esteja no campo das discussões, a associação de defesa do consumidor ProTeste já se declarou "totalmente contra qualquer nova oneração". Para Maria Inês Dolci, diretora da entidade, o parcelamento sem juro é um direito adquirido tanto do consumidor quanto do comerciante. A Fundação Procon de São Paulo tem uma posição menos definida, e diz que, para haver alguma alteração, é preciso um debate maior entre os bancos e a sociedade. - Este é o modelo brasileiro. Tanto o consumidor quanto o comerciante dependem deste parcelamento - disse Renan Ferraciolli, diretor do órgão. Fonte: O Globo

Bancos terão de explicar custo de tarifas ao Ministério da Justiça

Bancos terão de explicar custo de tarifas ao Ministério da Justiça SÃO PAULO - Com o aumento da oferta de crédito no País, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, quer monitorar os custos efetivos das operações financeiras e vai começar colocando uma lente de aumento sobre as tarifas dos bancos. "Queremos verificar quanto, de fato, se cobra na ponta ao consumidor", afirmou a secretária Juliana Pereira da Silva, que discutirá hoje com representantes do Banco Central (BC) como se dará esse monitoramento. A ação será mais uma ofensiva do governo na área financeira. Brasília está insatisfeita com o pequeno repasse da redução dos juros ao consumidor, com a alta das tarifas cobradas pelos bancos e com as elevadas taxas de cartão de crédito para clientes e lojistas. Para acirrar a concorrência no mercado, o governo tem acionado os bancos públicos. Esta não é a primeira batalha da Secretaria Nacional do Consumidor em relação ao setor. A secretaria esteve, junto com o Banco Central, por trás da unificação dos nomes das tarifas bancárias, mas o avanço é considerado insuficiente para que o consumidor compare os serviços oferecidos pelos diferentes bancos. Hoje, as instituições financeiras têm de contar ao BC qual o teto de tarifas cobrado aos clientes. O problema, segundo a Senacon, é que a obrigatoriedade é insuficiente para que correntistas saibam de antemão exatamente quanto vão pagar de encargos. A avaliação é de que é preciso um detalhamento maior, unificado e transparente dos serviços ofertados. O ideal seria poder fazer escolhas de tarifas como se faz opções por compra de televisões, comparando marcas e lojas a partir de parâmetros únicos como tecnologia (LED ou LCD) e número de polegadas. 'Bola da vez' A cobrança de abertura de crédito é considerada a "bola da vez", porque os consumidores têm ganhado ações na Justiça nesse âmbito. De acordo com o site do Banco Central, elas podem chegar a R$ 5 mil, mas não se sabe quanto o cliente paga, em média, por esse tipo de operação. Há relatos de pagamento de R$ 1 mil para essa operação embutida em financiamento de veículos, e que o consumidor nem se dá conta de que está pagando. "Esse valor corresponde a uma parcela da compra de carro, e poderia ir para o consumo de um bem", afirmou Juliana. A alta taxa de um serviço não é vista como um problema em si, pois cabe ao consumidor optar por esse ou aquele estabelecimento na hora de contratá-lo. A questão, enfatizou Juliana, é que o correntista tem de saber, antes de fechar um negócio, quais são exatamente as taxas cobradas pelas instituições para que possa fazer comparação e tomar sua decisão, o que nem sempre ocorre. "O mercado tem liberdade, mas falta ao consumidor condições para fazer comparações", disse. As listas das maiores tarifas e taxas cobradas por banco pode ser acessada no site do BC. Mas isso não basta, avalia Juliana. "Não adianta falar que a informação está no site do Banco Central ou no da Federação dos Bancos, pois o cliente não acessa. É preciso tratar a informação de forma transparente", defendeu. Outra frente que a secretária promete explorar é a dos juros embutidos nos produtos comprados em várias vezes, os famosos parcelamentos "sem juros". "Isso tem de avançar e queremos aproveitar as normas e nosso convênio com o Banco Central para criar instrumentos para o consumidor." A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que se pronunciará sobre o assunto "oportunamente". O Estado de São Paulo Célia Froufe SÃO PAULO - Com o aumento da oferta de crédito no País, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, quer monitorar os custos efetivos das operações financeiras e vai começar colocando uma lente de aumento sobre as tarifas dos bancos. "Queremos verificar quanto, de fato, se cobra na ponta ao consumidor", afirmou a secretária Juliana Pereira da Silva, que discutirá hoje com representantes do Banco Central (BC) como se dará esse monitoramento. A ação será mais uma ofensiva do governo na área financeira. Brasília está insatisfeita com o pequeno repasse da redução dos juros ao consumidor, com a alta das tarifas cobradas pelos bancos e com as elevadas taxas de cartão de crédito para clientes e lojistas. Para acirrar a concorrência no mercado, o governo tem acionado os bancos públicos. Esta não é a primeira batalha da Secretaria Nacional do Consumidor em relação ao setor. A secretaria esteve, junto com o Banco Central, por trás da unificação dos nomes das tarifas bancárias, mas o avanço é considerado insuficiente para que o consumidor compare os serviços oferecidos pelos diferentes bancos. Hoje, as instituições financeiras têm de contar ao BC qual o teto de tarifas cobrado aos clientes. O problema, segundo a Senacon, é que a obrigatoriedade é insuficiente para que correntistas saibam de antemão exatamente quanto vão pagar de encargos. A avaliação é de que é preciso um detalhamento maior, unificado e transparente dos serviços ofertados. O ideal seria poder fazer escolhas de tarifas como se faz opções por compra de televisões, comparando marcas e lojas a partir de parâmetros únicos como tecnologia (LED ou LCD) e número de polegadas. 'Bola da vez' A cobrança de abertura de crédito é considerada a "bola da vez", porque os consumidores têm ganhado ações na Justiça nesse âmbito. De acordo com o site do Banco Central, elas podem chegar a R$ 5 mil, mas não se sabe quanto o cliente paga, em média, por esse tipo de operação. Há relatos de pagamento de R$ 1 mil para essa operação embutida em financiamento de veículos, e que o consumidor nem se dá conta de que está pagando. "Esse valor corresponde a uma parcela da compra de carro, e poderia ir para o consumo de um bem", afirmou Juliana. A alta taxa de um serviço não é vista como um problema em si, pois cabe ao consumidor optar por esse ou aquele estabelecimento na hora de contratá-lo. A questão, enfatizou Juliana, é que o correntista tem de saber, antes de fechar um negócio, quais são exatamente as taxas cobradas pelas instituições para que possa fazer comparação e tomar sua decisão, o que nem sempre ocorre. "O mercado tem liberdade, mas falta ao consumidor condições para fazer comparações", disse. As listas das maiores tarifas e taxas cobradas por banco pode ser acessada no site do BC. Mas isso não basta, avalia Juliana. "Não adianta falar que a informação está no site do Banco Central ou no da Federação dos Bancos, pois o cliente não acessa. É preciso tratar a informação de forma transparente", defendeu. Outra frente que a secretária promete explorar é a dos juros embutidos nos produtos comprados em várias vezes, os famosos parcelamentos "sem juros". "Isso tem de avançar e queremos aproveitar as normas e nosso convênio com o Banco Central para criar instrumentos para o consumidor." A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que se pronunciará sobre o assunto "oportunamente".

Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século 20, morre aos 95

Hobsbawm escreveu, dentre outros clássicos, A Era das Revoluções, A Era do Capital, A Era dos Impérios e a Era dos Extremos Um dos mais influentes historiadores do século 20, o britânico Eric Hobsbawm morreu nesta segunda-feira em Londres aos 95 anos, confirmaram familiares. Em entrevista à imprensa, a filha de Hobsbawn, Julia, disse que seu pai morreu no início da manhã no Royal Free Hospital, onde ele se tratava de uma pneumonia. "Sua ausência será imensamente sentida não só por sua esposa de mais de 50 anos, Marlene, por seus três filhos, sete netos e bisnetos, mas também por muitos leitores e estudantes ao redor do mundo", informou um comunicado da família. Hobsbawn foi um dos pensadores marxistas cujo trabalho mais influenciou gerações de historiadores e dirigentes políticos. Os seus quatro volumes sobre os séculos XIX e XX, abrangendo a história europeia desde a revolução francesa até a queda da URSS, são reconhecidos como obras incontornáveis, definidoras do seu período. O historiador Niall Ferguson considerou o quarteto A Era das Revoluções, A Era do Capital, A Era dos Impérios e a Era dos Extremos "o melhor ponto de partida para quem deseja começar a estudar a história moderna". De família judia, Hobsbawm nasceu na cidade de Alexandria, no Egito, em 1917, o mesmo ano da Revolução Russa, que representou a derrocada do czarismo e o início do comunismo no país. Não por coincidência, a vida do historiador e seus trabalhos foram moldados dentro de um compromisso duradouro com o socialismo radical. O pai de Hobsbawm, o britânico Leopold Percy, e sua mãe, a austríaca Nelly Grün, mudaram-se para Viena, na Áustria, quando o historiador tinha dois anos e, logo depois, para Berlim, na Alemanha. Hobsbawm aderiu ao Partido Comunista aos 14 anos, após a morte precoce de seus pais. Na ocasião, ele foi morar com seu tio. Em 1933, com o início da ascensão de Hitler na Alemanha, ele e seu tio mudaram-se para Londres, na Inglaterra. Após obter um PhD da Universidade de Cambridge, tornou-se professor no Birkbeck College em 1947 e, um ano depois, publicou o primeiro de seus mais de 30 livros. Hobsbawm foi casado duas vezes e teve três filhos, Julia, Andy e Joshua. Na década de 80, Hobsbawm comentou sobre sua fuga da Alemanha. "Qualquer um que viu a ascensão de Hitler em primeira mão não poderia ter sido ajudado, mas moldado por isso, politicamente. Esse garoto ainda está aqui dentro em algum lugar - e sempre estará". Obra Entre as obras mais conhecidas de Hobsbawm, estão os três volumes sobre a história do século 19 e "Era dos Extremos - O breve século 20", que cobriu oito décadas da Segunda Guerra Mundial ao colapso da União Soviética. Já como presidente do Birkbeck College, ele publicou seu último livro, "Como mudar o mundo - Marx e o marxismo 1840-2011", no ano passado. O historiador afirmou que ele tinha vivido "no século mais extraordinário e terrível da história humana". Marxista inveterado, ele reconheceu a derrocada do comunismo no século 20, mas afirmou não ter desistido de seus ideais esquerdistas. Em abril deste ano, Hobsbawm disse ao colega historiador Simon Schama que ele gostaria de ser lembrado como "alguém que não apenas manteve a bandeira tremulando, mas quem mostrou que ao balançá-la pode alcançar alguma coisa, ao menos por meio de bons livros". Fonte: Contraf-CUT, com BBC Brasil e Carta Maior