segunda-feira, 2 de abril de 2012

“Paridade não é um número, é um conceito”

Seminário no Rio de Janeiro debateu ações de luta pela igualdade de gênero

Escrito por: CUT-RJ
O seminário sobre paridade promovido pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-RJ prosseguiu na manhã desta quarta-feira, 28 de março, como o debate do tema A importância da paridade no movimento sindical. A mesa de debates foi composta por Virgínia Berriel, secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-RJ, e Rosane Silva, titular da mesma pasta na CUT Nacional. A mediação da discussão coube a Adriana Nalesso, diretora de Finanças do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

Depois de Virgínia Berriel traçar um quadro das dificuldades materiais e políticas enfrentadas pelas mulheres nas instâncias da CUT, Rosane Silva fez uma recuperação histórica da participação das mulheres na estrutura da central, desde quando elas se organizavam em torno de uma comissão até a conquista de uma secretaria na direção executiva. Em seguida, ela destacou que o parágrafo 108 das resoluções da 13ª Plenária Nacional da CUT assegura o debate sobre a paridade em todas as instâncias da central. “Mas é fundamental que a gente reafirme que a paridade não pode, de forma alguma, ser vista como um número, mas sim como um conceito”, enfatizou.


Rosane Silva lembrou a importância da participação das mulheres nas campanhas salariais, pois o seu grau de engajamento se reflete, necessariamente, nas convenções coletivas. A dirigente criticou também a falta de apoio material e político, no interior do movimento sindical cutista, para o encaminhamento das lutas das mulheres.” Em geral, nas instâncias da CUT, os homens não têm interesse em discutir os temas que interessam às mulheres”, lamentou Rosane. Ela conclamou as mulheres a comparecerem em grande número às assembleias de base que vão eleger a delegação ao próximo congresso da CUT, lembrando que só assim será possível mudar o estatuto da central e conquistar a paridade já.


Mulher e Poder

O último debate do seminário aconteceu no período da tarde. O tema foi “A Limitação das Mulheres nos Espaços de Poder e Político” e contou com a participação da dirigente estadual do PT, Dolores Otero, e da secretária nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti. Dolores usou a sua experiência como militante feminista e dirigente partidária para falar das dificuldades da luta das mulheres por mais espaço na política. Segundo ela, a aprovação da paridade nas instâncias do PT foi uma vitória mas ainda não está consolidada, já que não reflete o pensamento da maioria dos homens. “A aprovação da paridade no PT foi um descuido dos homens. O Ricardo Berzoini encaminhou a proposta no Congresso e perguntou se alguém era contra. Como ninguém teve coragem de dizer que era contra ela foi aprovada”, contou a dirigente.


Rosane Bertotti falou sobre sua trajetória no movimento sindical, desde quando se elegeu presidente do seu sindicato de base até chegar à executiva da CUT Nacional. Para ela, a cota de 30% permitiu que muitas militantes qualificadas chegassem às direções da CUT e dos sindicatos. “Eu sou fruto da cota. Se hoje eu estou na executiva da CUT é porque existe uma cota para mulheres”, declarou. Ela também defendeu a construção de um processo de empoderamento das mulheres, no qual, segundo ela, o primeiro desafio é aprender a usar a comunicação de forma estratégica para empoderar as mulheres na busca de seus objetivos.


Coube às secretárias de Mulheres da CUT Nacional, Rosane Silva, e estadual, Virgínia Berriel, fazer o encerramento do seminário. Para Virginia, o evento foi uma oportunidade única para as mulheres cutistas do Rio de Janeiro avançarem na luta pela paridade. Ela sistematizou algumas propostas apresentadas durante o seminário com relação à mobilização das mulheres para o Congresso Estadual da CUT (CECUT) e informou sobre a realização de um seminário específico, no dia 27 de abril, para discutir a ratificação da convenção 189 da OIT, que trata dos direitos das trabalhadoras domésticas. Rosane Silva encerrou fazendo um chamado para que todas as mulheres participem da construção da paridade. “Agora é por o bloco na rua e fazer um belíssimo samba para a vitória no congresso da CUT”.